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CAVALGADA SELVAGEM

Em um espaço iluminado, três artistas em meio ao público despem-se de suas roupas e iniciam, cada um à sua maneira, uma série de movimentos ritualísticos. Cruzando-se em experiências sinestésicas divergentes, esses corpos criam um ritual extático não uníssono, não hegemônico presentificado como uma dança herética. A luz se faz escuridão. Imersos no êxtase da dança, esses três corpos, agora decompostos em muitos outros, transformados em bruxas enfurecidas sobrevoando a noite, em cavalos/médiuns montados por demônios, arrastam selvagemente tudo o que tocam. A cavalgada enfeitiça o público, e este, tateando o espaço em trevas, lida com sua própria escuridão e cria caminhos na sua própria sombra, reconhecendo nesta performance um rito de auto-enfrentamento.  

Cavalgada Selvagem acontece como uma experiência na qual a escuridão se dá como uma outra forma de visão para criar um caminho não claro, não certo, não dado, não definido, não determinado, não discernível, possível de reinvenção. Entendendo o campo da luz como a fundação dominante da percepção visual, o que é capturado pelo sentido da visão é o possível de ser manipulado e assim legitimado pelo sistema de controle capitalista em que estamos inseridos. Ao adentrarmos a escuridão, as certezas se tornam dúvidas e o visualmente palpável dá lugar ao invisível e ao desconhecido.  É na cavalgada rumo à escuridão de si mesmo e do mundo que este trabalho artístico busca o lugar da criação e da liberdade.

FICHA TÉCNICA

Criação | Diogo Braga, Natália Coehl e Thales Luz

Orientação dramatúrgica | Marcelo Evelin

Preparação corporal | Michelle Moura

Iluminação | Raí Santorini

Imagens de divulgação | Diogo Braga e Jorge Silvestre

Fotos de Pamela Soares

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